terça-feira, 9 de março de 2021

Clã

 


Foram muitos os dias da mulher, e outros dias do ano, em que tive vontade de partilhar um caminho...por algum motivo nunca o fiz 

e hoje decidi que não devia deixar passar.

Nasci numa família evidentemente Matriarcal, onde as mulheres faziam e fizeram sempre de forma diferente e não se deixaram ficar

 por condicionamentos ou preconceitos. Obviamente,  este não foi nunca um caminho simples. 

Mesmo eu, já pertenço à 4ª geração de mulheres ( falta uma na fotografia), que tive o orgulho de conhecer, quando era nova queria 

muitas vezes ser como os rapazes. Tudo parecia mais simples e linear para eles. 

E durante muito tempo foi isso que procurei- a semelhança ao masculino. 

É que, não nos podemos esquecer que as mulheres foram privadas de muitos direitos ao longo da história, o direito ao voto em 

Portugal só foi conseguido em 1931!!! Nem dá para acreditar que foi há tão pouco tempo. Não se trata de  igualdade pois essa 

é inexistente mas de equidade e por essa ainda temos um longo caminho a percorrer.

A vida deu-me duas filhas lindas quando eu achava que educar rapazes seria muito mais fixe e simples! A vida é sábia!! E na

 maternidade comecei a minha aceitação do feminino. Hoje, posso dizer que celebro a feminilidade com a grandeza que ela 

erece e esse estado não seria o que é, sem inúmeras pessoas que fazem parte da minha vida. porque 

me confrontaram com os meus próprios preconceitos; Porque me ajudaram a ver a beleza do ser feminino; Porque me mostraram

o feminino no masculino; Porque me fizeram sentir e viver a fragilidade feminina e a força dentro dela; Porque somos o motor criativo 

do planeta; Porque me orgulho de estar a criar duas meninas inteiras, frágeis, autênticas, livres 

e corajosas. Porque hoje, posso dormir mais descansada e sentir que estamos no bom caminho e a construir uma humanidade mais

 humana, mais completa.

Mas o caminho não está feito, longe disso! Todos temos trabalho a fazer, homens e mulheres. Por falar em homens, não poderia

 terminar este post sem agradecer aos homens inteiros da minha vida ( quando digo inteiros é porque olham e aceitam o seu lado 

feminino) e como tal sabem que todos temos esses dois aspectos do SER e que é no equilíbrio justo e respeitoso que podemos construir 

e co-existir para vivermos num mundo mais brilhante e alegre.

Finalmente, e porque isto pretende ser principalmente uma homenagem a mulheres guerreiras e unidas e nem por isso menos 

carinhosas ou maternais- Assumam-se! Lindas, carinhosas, criativas, frágeis, maternas, sábias e autênticas. E sempre que se

 depararem com a injustiça da falta de equidade, juntem-se e encontrem alternativas.Feliz Dia da Mulher! Obrigada ao meu Clã.

sábado, 29 de agosto de 2020

Rios e Dragões

Perhaps all the dragons in our lives are princesses who are only waiting to see us act, just once, with beauty and courage. Perhaps everything that frightens us is, in its deepest essence, something helpless that wants our love.”
― Rainer Maria Rilke, Letters to a Young Poet

Como podemos amar o que nos assusta? 
Será esse o verdadeiro salto para superar aqueles medos mais escondidos? Aqueles medos que nem sequer sabemos que lá estão? 
Sempre que conseguimos ultrapassar os nossos receios saímos maiores e mais inteiros. O problema é o processo...doloroso? sinuoso, como uma estrada no Douro...
Umas vezes andamos maravilhados com as paisagens, com a beleza do novo, com a surpresa ao virar de uma curva; outras vezes, estamos enjoados com o constante desiquilíbrio da estrada, com o sobe e desce, vira que vira.
Posso apenas dizer a mim mesma para aproveitar a beleza do caminho, as surpresas ao virar da esquina e acreditar que no final estará a tranquilidade do Douro, estendido à
luz do luar com o seu silêncio grandioso e a possibilidade de uma nova viagem.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Um Coração que não mente....




A vida é um processo...umas vezes penoso, outras leve e alegre mas, sempre, um processo. Neste processo, para uma melhor versão existencial, existem Marcos. Momentos que assinalam pontos de viragem- para algo novo, bom ou menos bom.

A minha vida não é diferente da de ninguém. Como tal, está recheada de momentos ao longo do meu processo individual e tem os seus marcos. Situações, escolhas, caminhos que me levam de volta ao centro da minha espiral.
Hoje, dia dezassete de janeiro de 2020, estou de volta ao centro da minha espiral, é dia de Recomeço.
Foram imensas as aprendizagens, os desgostos, as provações, os desafios, mas também, as alegrias, as aventuras, o crescimento...
Durante o meu último caminho ao longo da minha espiral de vida tudo me levou a aprender. Mas, aprender o quê? Aprender quem sou, a respeitar a minha verdade, a confiar nas sinuosidades do caminho e  a manter o amor que sinto, vivo no meu coração.
O que esta nova viagem me reserva... não sei. Contudo, esta nova Alexandra que hoje nasce, sabe, em cada célula do seu corpo, que é merecedora de Amor, que pode confiar na vida e que, dizer a sua verdade é sempre o melhor caminho.
Deixo então aqui, para reflexão, o lema que me guiou consciente e inconscientemente na minha viagem que ontem terminou- "Se vem dizer o que sente, entre não tenha receio. Um coração que não mente fica bem no nosso meio."
Hoje começa um novo lema- " Se vem ouvir o que sinto, entre. Um coração que aceita fica bem no nosso meio."
Que este novo processo seja doce, para mim, e para todos os que me rodeiam. Que as aprendizagens sejam muitas e as aventuras ainda mais!

segunda-feira, 18 de março de 2019

A minha cosmologia


Em que acredito eu? O que realmente ressoa dentro das minhas células? Do meu coração?
Para começar, há sem dúvida alguma uma força, uma energia motriz – Se é inteligente? Sim, mas talvez não corresponda à nossa ideia de inteligência. É de uma inteligência natural, equilibradora. E para haver equilíbrio tem de haver morte, nascimentos, desastres, crescimento, inesperados, forças e fraquezas.
Voltemos a essa energia da qual todos nascemos- um “pó de estrelas” em expansão… Embora seja de uma grandeza incompreensível ao nosso olhar humano, essa energia recria-se a cada segundo, move-se, transforma-se. Nem ela mesma alcançou o equilíbrio! Viaja no espaço e no tempo em busca disso mesmo e, leva-nos a todos nessa viagem.
Porque o que realmente importa não é o destino individual nem universal, mas o caminho que todos juntos fazemos em busca desse equilíbrio. Podemos ser transportados como viajantes que compraram bilhete e que conscientemente buscam também esse equilíbrio; Podemos ser transportados inconscientemente como uma folha que caiu ao rio e se deixa levar…Mas, até aqui, podemos buscar o equilíbrio- deixar-nos levar com confiança nessa inteligência e ao mesmo tempo estar conscientes da força da corrente, dos obstáculos no caminho, comprar bilhete!

De que forma cada um encontra ferramentas para estar consciente? De que forma cada um encontra fé para confiar? Bem, isso, é de cada um e, apesar de sermos muitos, somos de uma diversidade que nos deveria ter já ensinado a aceitar a diferença. Porque, onde eu pouso os pés não será com certeza onde o outro vai calcar. Pode ser perto, mas será sempre um milímetro à frente atrás ou ao lado. A minha direção não será a tua e o meu olhar não capta o mesmo que o outro. E, é nesta dança de energia e força que nos movemos! Dança?? Sim dança (e aqui está a minha diferença, o meu milímetro) pois na música consigo encontrar essa capacidade de ter fé e quando me movo acompanhando essas vibrações não estou consciente. Sorriu, acredito e tenho fé que o meu corpo sabe o que fazer, que o meu corpo sabe transformar a vibração da música em algo meu, que me leva neste caminho de desequilíbrios, mas que sempre, sempre, sempre está apenas em busca do equilíbrio- do Meu equilíbrio.

Como já dizia Hegel, a tese, e a antítese é que levam à síntese e isto faz tanto sentido na minha cabeça- a minha cosmologia consciente percebe que na dialética, há crescimento, há mudança a caminho do equilíbrio- a caminho da síntese. Contudo, esta é uma cosmologia da cabeça, neste momento ando a viver a minha própria dialética – entendimento versus confiança- e só neste choque de Titãs irei encontrar a minha fé! 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Os filhos


On Children
 Kahlil Gibran

Your children are not your children. They are the sons and daughters of Life's longing for itself. They come through you but not from you, And though they are with you yet they belong to themselves. You may give them your love but not your thoughts, For they have their own thoughts. You may house their bodies but not their souls, For their souls dwell in the house of tomorrow, which you cannot visit, not even in your dreams. You may strive to be like them, but seek not to make them like you. For life goes not backward nor tarries with yesterday. You are the bows from which your children as living arrows are sent forth. The archer sees the mark upon the path of the infinite, and He bends you with His might that His arrows may go swift and far. Let your bending in the archer's hand be for gladness; For even as He loves the arrow that flies, so He loves also the bow that is stable.

Música e letra do Propheta do Kahlil Gibran sobre os filhos.


Quando fiz o Caminho de Santiago Francês, foi este o livro que me acompanhou e também, a banda sonora do filme de animação sobre o livro. Duas obras que recomendo!! Mas, passemos ao que me levou hoje a escrever.

"O meu filho..." "A minha filha..." Acho que todos nós, pais, começamos, milhares de vezes, frases sobre os nossos filhos, com estas palavras. Tudo bem, parece mostrar amor, responsabilidade, atenção até. Será que sim? Este poema começa exatamente com a contradição dessa "posse". De facto, não somos possuidores dos nossos filhos. Não foram algo que compramos, nem algo que pertença à nossa lista de artigos. Não entram no nosso rol de aquisições e nem farão nunca parte do nosso testamento. Contudo crescemos numa sociedade em que "damos" a nossa filha em casamento; onde, ainda há bem pouco tempo, pagávamos dotes; onde frases como " enquanto viveres debaixo do meu teto fazes o que eu mando"; são prática comum, e por vezes até, inquestionáveis. 

Os nossos filhos pertencem a eles mesmos e a mais ninguém. A vida que vivem e viverão não é de mais ninguém senão deles mesmos. Ser pai e mãe é só única e exclusivamente, uma aprendizagem de dádiva - e que aprendizagem!! Começamos por dar a nossa informação genética e uma carga histórica familiar. De seguida, presenteamo-los com medos e inseguranças, com a nossa própria vida e com as espectativas que temos deles e daquilo que serão. Não, não, não! (Temos de o dizer 3 vezes para que o nosso cérebro consiga ouvir) 

Ser Pai e Mãe é sem duvida alguma uma aprendizagem de dádiva, mas, como adultos, devemos Ser conscientes dessa dádiva. Ter a capacidade de crescer juntos, de acreditar e aceitar quem os nossos filhos São! Porque eles são o seu próprio produto. É uma dádiva "em queda livre", de fé nas infinitas possibilidades de cada um dos nossos filhos. Esses Seres do futuro que resolveram partilhar algum do seu tempo terrestre connosco. 

Abram os braços, fechem os olhos e sintam o abraço de quem partilha um caminho- o caminho da Vida.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Aceitação




O tempo - essa entidade invisível mas que nos rodeia e acompanha. A última vez que me dispus a parar para escrever aqui no blog foi em Outubro de 2014. Tantas coisas aconteceram! Quatro anos de existência intensa, difícil, maravilhosa e sobretudo de crescimento! E quanto trabalho fiz para ser uma pessoa melhor. Quantas vezes olhei uma Alexandra com atitudes de que não gosto, uma Alexandra fraca, uma Alexandra que falhou e a beleza de tudo é que, ao olhar sem medo essa Alexandra, ajudei a criar uma Alexandra lutadora, com fé, prática e vencedora. A vida é como a Terra, parece acabar mas se olhada com atenção tem sempre um novo caminho...e caso não haja caminho, bem...pega-se num barco!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Apetece-me Brincar




­­­Quando nos dispomos a mudar, a brincar com as possibilidades da vida, ou seja, percorrer o nosso caminho com a leveza com que uma criança prefere morango a chocolate na hora de escolher o sabor do gelado - progredimos!
Aliás, e apesar de lugar-comum, devíamos escutar mais o nosso lado infantil.
Contudo, nestas minhas verdades, vejo cada vez mais uma terceira que, em lugar de me alegrar, me atormenta.
Onde estão as crianças das nossas crianças? O que faz esta realidade a todos nós que esconde as crianças. Vocês podem dizer-me que não é assim. Que antigamente é que era, os países subdesenvolvidos, o trabalho infantil, blá, blá, blá. NÃO.
Hoje, e apesar de tudo o que queremos dar aos nossos filhos, de toda a informação de que dispomos, temos cada vez mais crianças com stress, défice de atenção, hiperatividade, e um sem número de “adultices agudas”. As nossas expectativas estão a “esconder” as crianças? O nosso próprio stress está a “esconder” as crianças? O sistema educativo está a “esconder” as crianças?
E nós, eu e vocês, vamos parar e ouvir as nossas crianças. Vamos ajudar os nossos filhos, primos, amigos a ser crianças? Ou vamo-nos deixar engolir pelo que sabemos e sentimos que está mal, e nada fazer?

as percistirem.

Por mim, acordem todas as crianças! Apetece-me Brincar…ria colectiva da palavra Saudade.mos e/ou familiares.